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Por Mari Ostermann

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A palavra escola vem da palavra grega “scholé”, que significa “lugar de ócio, lazer, tempo livre”. Também se traduz como “tempo de filosofar” ou coisa do gênero. 

Quando pensamos em escola, da forma que conhecemos, soa contraditório, não?  

É muito curioso como saímos da fase escolar sabendo a cor da meia que Napoleão  usou em sua última batalha e a latitude da capital do Camboja, mas não sabemos nomear direito nossas emoções. 

Decoramos as fórmulas trigonométricas mas não sabemos quantos irmãos nossos avós tiveram ou como foi o nosso parto.

Estudamos o romantismo e seus artistas, mas não ousamos fuçar nossos sentimentos obscuros. 

E a palavra aluno? Vem do latim e quer dizer “sem luz”! Aluno quer dizer SEM LUZ.  A partir deste conceito fica complicado defender a ideia de que a escola desenvolve talentos, incentiva inspirações. Contraditório, novamente. Mais fácil pensar que a escola instala lâmpadas. 

“Alunos na escola”, brincando um pouco, seria um “encontro de seres sem luz praticando o ócio”. Que confusão greco-romana. 

As coisas vêm melhorando aqui ou ali, mas os modelos tradicionais de educação sustentam pouco o valor da subjetividade humana, do imensurável. Hoje, o papel da escola não é ser fonte principal de conhecimento, já que temos acesso ao conhecimento fora da escola. Ela deveria ser tempo e lugar de questionar e refletir, trocar percepções, treinar inteligências e discutir a importância das coisas. Ser campo de construção para uma boa autoconfiança e experimentação de um pertencimento genuíno dentro das diferenças. 

Tempo e lugar de criar, criar e criar. Talvez hoje, o caminho da escola seja voltar um pouquinho à sua origem “scholé”. 

Penso que o bom ensino é mais parecido com a escola da vida, do pensar e do agir.  Soa mais eficiente que a escola do decorar e do medir. Até porque, métricas engessadas e não aplicadas no campo do real, podem ser deformadoras da coragem e da autoestima (ou seja, nossas provas podem atrapalhar um tanto de estudantes). 

O sistema obsoleto educacional é só mais um que está penando. Vejo que estamos vivendo uma curva como humanidade. Os modelos de quase todas as áreas estão sendo questionados e o que era certo entrou no campo do incerto. Relações, governo, educação… me parece que precisamos reaprender muita coisa. 

Talvez precisemos focar nas virtudes, para guiar possíveis modelos. Virtudes como centro de todos os movimentos e revoluções educacionais. Pensar formato a partir do que realmente importa, pois verdade seja dita: ainda não temos o modelo perfeito. Mas temos as virtudes que desejamos manifestar. E são tantas.

E como o termo grego provoca, talvez a escola, hoje, precise de mais pátio e menos carteira. 

Mais coragem para tentar e menos medo de errar. Virtudes e mais virtudes. Menos alunos e mais estudantes. Queremos a luz de todos.  Pátios iluminados por estudantes corajosos. 

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