Não tá dando tempo nem de sentir.

Vivemos uma revolução sensorial. Claro que isso sempre foi da natureza humana.

Data

Criador

Texto por Edu Valladares

Ver Hora

45 minutes

Não tá dando tempo nem de sentir. Vivemos uma revolução sensorial. Claro que isso sempre foi da natureza humana. Mas estaríamos: mais estimulados/as a determinados comportamentos, a partir da pandemia? mais acelerados/as em consumir informação diminuindo, acelerando, encurtando tempos e espaços e não aproveitando para aprender de verdade? mais ansiosos/as em retratar, registrar, compartilhar em busca de curtidas e virais em detrimento do apreciar e do sentir genuíno?

Com certeza, se levarmos em conta que grande parte de nossas rotinas – sobretudo para quem vive no modo automático potencializado pelos cenários das grandes cidades  – está imersa em telas, tecnologias imperativas, redes sociais, compras por aplicativos, poderíamos dizer até que essa necessidade de estarmos sempre entregando / produzindo / gerando resultados / trabalhando já está sendo profundamente questionada. Acabou que não estamos aguentando. Meio óbvio, né? A gente se culpa por não ter foco, levando uma alta carga de informação e não tendo tempo suficiente para processar tudo.

Me observo respirando com dificuldade, apresentando sintomas de ansiedade, suor frio escorrega na testa Preciso conseguir logo aquilo que me interessa. Irritado olho em volta e não encontro nada. Mas péra aí, o que é aquilo na entrada? Não acredito, uma tomada abençoada. Reconecto como se fosse botar de novo um pino na granada. Ufa… Meu mundo tela Quando ela acende meu mundo se revela Já não havia mais o que fazer fora do mundo tela Meu mundo tela, meu mundo tela Os mano pira as mina pira com o mundo que se revela (“Mundo Tela”. Faixa 04 do álbum Transmutação – BNegão e os Seletores de Frequência – lançado em 2015.) Essa letra é de 10 anos atrás. Percebe para onde estamos caminhando? A revolução do prazer está criando uma nova realidade.

O desejo de viver momentos prazerosos, após a pandemia,  está presente em mais de 91% dos brasileiros. Mas muita calma nessa hora! Há quem diga que estamos já vivendo uma nova tendência de uma nova regulação sensorial, uma espécie de Slow Life. Levar uma vida mais devagar e trazer a sensação de bem-estar para os ambientes da casa está em alta, segundo o Pinterest, por exemplo. Um levantamento feito pela plataforma nos últimos dois anos apontou que o conceito de ‘slow life’ (vida lenta) será uma tendência para os próximos anos. Esse movimento propõe fazer as atividades na velocidade certa, ou seja, executar melhor as tarefas, mas não com mais rapidez – usando o tempo para exercer afazeres que mais importam para você. Será que é possível amarmos as tarefas e ações, mas também usar um ritmo mais lento para executá-las? É aqui que entra a aprendizagem intencional. Já ouviu falar? Em particular, eu adoro e adoto rituais de uso inteligente do meu tempo (na medida do possível, claro!).

Sabendo já que meu dia será intenso: reuniões, gravações, aulas, papos e trocas com muitas pessoas, busco gerenciar minhas emoções. Assim que acordo, invisto uma tecnologia mais lenta, mais silenciosa, mais espaçada. Então, fique de olho, em 2024, na sua sobrecarga. Buscar uma medida – que seja a sua, dentro das suas possibilidades, individualidades, contexto e cenário, mas fazendo uma auto- investigação, uma autoanálise pode ser um caminho altamente rico de resultados interessantes.

"Vivemos uma revolução sensorial. Claro que isso sempre foi da natureza humana."

Talvez você também goste