Mulheres

Na espécie humana, a mulher é a representante da energia feminina. Para além dos humanos, outros elementos da natureza traduzem esta mesma polaridade: a água e a noite, por exemplo.

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Por Mari Mel Ostermann

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Na espécie humana, a mulher é a representante da energia feminina. Para além dos humanos, outros elementos da natureza traduzem esta mesma polaridade: a água e a noite, por exemplo. Várias qualidades também estão contidas no polo feminino, como a escuridão, a profundidade, a sensibilidade, a maciez, formas arredondadas, a fusão, a comunhão. 

Chamamos as tais qualidades de representantes da energia Yin – termo taoista já se popularizou por aqui. O Yin é o oposto complementar do Yang – o polo masculino. 

A mulher ser representante da energia feminina nada tem a ver com sua delicadeza, sua orientação sexual ou de gênero. É a sua natureza. Até os nossos corpos contém mais água, menos arestas, vivemos fases lunares e produzimos alimento. Naturalmente, carregamos no  genes o feminino.

Como as coisas no cosmos se espelham no macro e no micro, um mundo onde a energia feminina não é bem cultivada, tem suas consequências no indivíduo e no coletivo. Um acupunturista pode explicar melhor o que o excesso ou a falta de yin gera em nossos sistemas e quais suas consequências. Mas exemplifico aqui: falta de yin pode gerar irritação, insônia, secura, gastrite…

Já num plano macro, essa falta de cuidado com o feminino da Terra gera superficialidade, materialismo, excesso de objetividade, secura, guerra, incêndio, cisão, desmatamento, agressividade, calor, águas turvas, dificuldade de fluxo. Não só na biosfera, mas nas relações também.

Nós mulheres já conquistamos muito espaço, mas ainda nos falta uma longa estrada. Nestas conquistas – ou em algumas delas – tivemos que usar a linguagem e os instrumentos da energia yang, masculina, que também nos cabe. Mas, mesmo que tenhamos e usemos a energia yang, pagamos um preço quando ignoramos nosso yin. Ao buscar a linguagem majoritariamente masculina, esquecemos de defender a natureza feminina, que precisa de pausa, intuição, silêncio e subjetividade. 

Viramos nações de mulheres mais livres porém mais ansiosas, mais competitivas, menos cuidadoras, mais gritonas e menos choronas. Tudo bem, todo pêndulo precisa de um tempo para restabelecer o equilíbrio. Mas há de se perceber que algo quase se perdeu no caminho. 

O que fazer então?  Neste outro tanto de estrada que ainda teremos que caminhar para nos sentirmos vistas plenamente, é importante cuidar das nossas diferenças, não só a nossa igualdade. Igualdade no que somos iguais, respeito às diferenças no que somos diferentes.

Que possamos abrir espaço para novas gerações de mulheres com menos cólicas e ansiedade, com mais desejo de ser o que já são, ao invés de confundirem suas conquistas com a mimetização do masculino – em seus corpos, rotinas e ações.

Que as mulheres poderosas levem a força da energia feminina também para um lugar de valor. 

A natureza funciona bem quando há polarização saudável, então, além de salários iguais, busquemos defender o que é impossível igualar. 

Cuidar do feminino é zelar por águas mais limpas, menos guerras, maior comunhão e uma justiça mais justa, onde o olho que julga seja tanto yin quanto yang. 

Que as mulheres possam ser tudo que são. Mulheres saudáveis geram homens saudáveis. Humanos saudáveis prosperam em terras saudáveis. Cuidar do feminino é cuidar do ciclo da vida. Sejamos profundamente ecológicos. Apoiemos as mulheres a valorizarem a força do seu natural poder feminino. 

"Igualdade no que somos iguais, respeito às diferenças no que somos diferentes."

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