Ídolo ou Inspirador?

Quando pensei no tema proposto, logo me deparei com um desconforto referente a palavra ídolo. Pensei na figura egóica e do fanatismo que ela denota, não levando em conta o aspecto inspiracional. talvez seja por estudar psicanálise e nos conceitos lacanianos, o significado das palavras importa e muito. 

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Por Vinicius Zimbrão

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Quando pensei no tema proposto, logo me deparei com um desconforto referente a palavra ídolo. Pensei na figura egóica e do fanatismo que ela denota, não levando em conta o aspecto inspiracional. talvez seja por estudar psicanálise e nos conceitos lacanianos, o significado das palavras importa e muito. 

Embasado nessa percepção, penso ser importante diferenciar o conceito de ídolo de uma figura inspiradora, ao mesmo tempo considerando que ambos se correlacionam em vários momentos.

Ídolos são frequentemente colocados em um pedestal, quase como figuras inatingíveis. Eles são admirados por suas habilidades, conquistas ou status, muitas vezes sem uma compreensão profunda de suas verdadeiras qualidades ou falhas. A relação com um ídolo é muitas vezes unilateral e baseada em idealização. Por exemplo, celebridades e heróis históricos podem ser vistos como ídolos.

Inspiradores, por outro lado, são aqueles que motivam os outros por meio de suas ações, palavras e maneira de viver. Eles não são necessariamente perfeitos ou superiores, mas são autênticos e acessíveis. A relação com um inspirador é mais realista e tangível. Eles podem ser pessoas comuns que, através de suas lutas, sucessos e valores, incentivam os outros a crescer e melhorar.

Penso ser útil reconhecer as qualidades humanas em ambas as figuras. Isso significa ver os ídolos como pessoas reais com falhas e aprender com os inspiradores de uma maneira que ressoe com nossas próprias vidas e aspirações. Isso também inclui sermos nossos próprios inspiradores, valorizando nossas experiências pessoais e crescimento.

Na minha visão, nossa sociedade forma ídolos e cria mitos por meio de processos que valorizam excessivamente certas características ou feitos, muitas vezes amplificados pela mídia e pelas redes sociais. Essa idolatria pode nos fazer perder o senso de realidade e autenticidade, pois tendemos a idealizar essas figuras, esquecendo que são humanas e falíveis como qualquer um de nós. Isso pode nos levar a desvalorizar nossas próprias conquistas e potencial.

Para mudar essa forma de projeção nos outros e focar mais em nós mesmos, é importante desenvolver autoconhecimento e autoestima. Isso envolve reconhecer nossas próprias habilidades e limitações, valorizando o que temos de bom e singular. Devemos também aprender a celebrar nossas conquistas pessoais, por menores que sejam, e usar nossas próprias experiências como fonte de aprendizado e inspiração.

Tornar-se um ídolo de si mesmo envolve cultivar um relacionamento saudável e respeitoso consigo. Isso inclui praticar a autocritica sem se esquecer da autocompaixão, estabelecer metas pessoais alinhadas com nossos valores e interesses, e celebrar os próprios sucessos e esforços. Para isso, é importante desenvolver a habilidade de se autoavaliar de maneira justa e motivacional, praticando a auto empatia.

Ser a minha própria inspiração significa reconhecer que sou o principal agente de mudança na minha vida. Envolve aprender com meus erros e desafios, bem como me orgulhar dos meus sucessos. Significa também estar ciente de que minha jornada é única e não precisa ser comparada com a de outras pessoas. Ao ser minha própria inspiração, posso buscar a autenticidade e viver de acordo com meus próprios combinados, ao invés de seguir padrões impostos por outros.

Quando olhamos para o mundo digital, sinto que muitas vezes, a percepção e a necessidade do publico (seguidores) é que coloca uma figura (influencer) como ídolo ou como um inspirador. Pois a presença marcante desses influencers nas redes sociais e outras plataformas digitais, têm o poder de moldar opiniões, tendências e comportamentos.

Quando se tornam ídolos, são frequentemente colocados em uma posição de admiração quase inquestionável por seus seguidores. Neste caso, a relação é muitas vezes baseada na idealização de seu estilo de vida, aparência ou status. Os seguidores que os idolatram podem aspirar a ser como eles, muitas vezes sem um entendimento crítico ou realista de quem esses influencers realmente são além da persona online.

Por outro lado, quando influencers atuam como inspiradores, a dinâmica com seus seguidores é diferente. Eles podem ser vistos como mais acessíveis e genuínos, compartilhando não apenas seus sucessos, mas também suas lutas, aprendizados e falhas. Neste contexto, os seguidores tendem a valorizar o conteúdo relacional e motivacional oferecido por esses influencers. O foco está menos na admiração e mais na conexão e no aprendizado.

O tipo de público que segue um influencer pode, de fato, indicar se o veem como um ídolo ou como um inspirador. Públicos que buscam modelos para idealizar podem se inclinar mais para seguir influencers que representam um estilo de vida aspiracional ou uma imagem de sucesso inatingível. Enquanto isso, públicos que procuram autenticidade, aprendizado e crescimento pessoal tendem a seguir influencers que compartilham experiências mais realistas e conteúdos que promovem reflexão e autoaperfeiçoamento.

Essa dinâmica reflete a diversidade de necessidades e expectativas das pessoas no universo digital. Enquanto alguns procuram entretenimento e escapismo, outros buscam conexão, inspiração e crescimento pessoal. Os influencers, por sua vez, podem moldar suas personas online para atender a esses diferentes públicos, seja como ídolos inatingíveis ou como inspiradores acessíveis.

E você, que tipo de influência quer se tornar?

 

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