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Faça sempre o melhor que puder, quando der
Data
- February 20, 2024
Criador
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O artista belga René Magritte, em 1928, trouxe ao mundo sua pintura O Falso Espelho. Nela, a pupila é substituída por uma espécie de buraco negro, de forma que o admirador acabe se colocando na posição de ser admirado — criando uma espécie de metáfora surrealista de autoanálise.
O que você quer ver?
Por que a gente não gosta da gente?
O que você vê é o que realmente é?
Enganamos nossas insatisfações e nosso tédio nessa amálgama do virtual e presencial que constitui a sociedade contemporânea.
Para o psicanalista Lacan, somos seres incompletos e os desejos impulsionam nossa busca por uma ausência que nunca poderá ser preenchida – o nosso desejo é reconhecido pelo desejo do outro. E isso nos leva à pergunta: “O que eu desejo do outro?”.
Esse papo todo é sobre autoestima, autoconfiança, autossuficiência. Mas, mais que isso, é sobre a nossa relação com as nossas projeções internas. Como nos tornarmos referências de nós mesmos/as? Como explicar essa questão de nunca aprendermos a gostar de quem nós somos?
Claro que vão existir vários caminhos que tentarão trazer uma solução – pode ser pelo viés da religião, da filosofia, das teorias de autoconhecimento, pelas teclas da veia capitalista que sempre encontra o lugar do cuidado como estratégia de calmaria e venda. O fato é que não há resposta absoluta pra isso. Cada pessoa é uma pessoa e tem suas raízes de insuficiência ou de autossuficiência. Concorda?
Termino essa nossa reflexão aqui com possíveis caminhos de novas descobertas.
Foi lá pelos anos de 2017 que conheci o livro “Os quatro compromissos” – o livro da filosofia Tolteca: um guia prático para a liberdade pessoal”, de Don Miguel Ruiz. E o seu quatro compromisso diz bem assim: “Faça sempre o melhor que puder”. Gosto dessa frase e te convido a embarcar comigo agora problematizando essa construção: “Faça”- Com quais meios? A partir de que incentivos? / “sempre” – E será que sempre é possível? Não seria uma generalização quase que impossível de ocorrer? / “o melhor” – Melhor pra quem? Qual esse parâmetro? / “que puder” – Seria aqui um outro tipo de nivelamento que acaba gerando uma espécie de autocobrança?
Ao mesmo tempo, lendo e relendo o livro em várias situações, compreendo as orientações e procuro, inclusive, na minha rotina pessoal, aplicá-las. Interpreto essa frase como uma bússola de possibilidade. Não a trato como uma verdade absoluta. Faça sempre o melhor que puder, quando der. E é, justamente, sobre isso que trata esse nosso texto: a nossa capacidade de questionamento das coisas que nos cercam, das influências, das nossas escolhas e afirmações. “Eu sou as escolhas que faço”. Ou seja, mais primeira pessoa, com <autoconsciência, autocontrole, autorresponsabilidade, autoconfiança, autenticidade e autonomia>, e menos projeção / desejo no outro.
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