Reflexões > Como escrever sobre os alunos sem te falar o nome deles? Como escrever sobre aprendizado sem mencionar os que mais me ensinam?
Como escrever sobre os alunos sem te falar o nome deles? Como escrever sobre aprendizado sem mencionar os que mais me ensinam?
Data
- June 2, 2024
Criador
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Como escrever sobre os alunos sem te falar o nome deles? Como falar de educação, do potencial inimaginável que existe em cada criança, da possibilidade de bondade que flutua a todo momento entre as crianças, do brilho que lampeja nos olhos deles quando aprendem sobre o que amam–sem mencionar o nome de cada um deles, o jeito que Aquele pisca pra mim do outro lado da sala sem razão nenhuma ou os desenhos elaborados de dinossauros que se acumulam na minha mesa? Como escrever sobre aprendizado sem mencionar os que mais me ensinam?
Claro que não vou mencionar o nome deles. Entre essas linhas vão se tornar personagens e figuras de linguagem, tangíveis pela mágica das palavras mas não mais reais, suas cores e barulhos claros mas confundíveis com quaisquer de qualquer sala de aula.
Já que você não os conhece como eu conheço, preciso que acredite na minha palavra. Quando eu te digo que cada um deles tem o potencial de ser a pessoa mais generosa que eu já conheci, saiba que eu sei que, estatisticamente, alguns deles absolutamente irão se tornar pessoas ruins–mas nenhum deles ainda é. Quando eu te falar que cada aluno ali tem algo que faz os olhos brilharem, algo em que ainda não descobriu que é extraordinário, saiba que queria te contar sobre a Fulana que diz que não tem criatividade para histórias mas que tem uma paixão e olhos afiados para cores e formas e a maneira que as roupas se combinam através deles, a Siclana que sempre dá um abraço entre as aulas e sempre identifica dias ruins por meras micro-expressões, sobre o Fulano que tem dislexia e foge da sala de aula quase todo dia e que faz apenas pela memória mapas completos em dezenas de post-its do tamanho da sua mão.
Claro que não vou mencionar o nome deles, nem te falar de cada desenho que preenche a parede branca atrás da minha mesa ou dos cartões de aniversários passados que marcam os anos em que minha vida, sempre tão cheia de amor, passou a transbordá-lo para fora. Essas coisas vão ficar só para mim.
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