Aprender a aprender

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Por Aline Silva

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O primeiro passo para qualquer aprendizado deve ser a motivação, afinal sem vontade, disponibilizar parte do espaço em nosso HD cerebral para aquela informação ser realmente aprendida em nossa mente não dá né. Dito isso eu já trago a minha primeira pergunta, como é que estamos motivando a nossas crianças a aprender? Pra começo de conversa devíamos ensiná-los a aprender, isso mesmo, acredito que nas escolas primárias devia ter uma matéria dedicada a ensinar a aprender.

Você já reparou se  você tem um processo de aprendizado, já se perguntou se ele é eficiente? Com certeza já, algumas pessoas traduzem isso dizendo que são inteligentes e aprendem  as coisas rápido, enquanto outras pessoas dizem que não conseguem assimilar as informações direito, isso só diz respeito ao seu processo de aprendizagem e não quanto a  sua capacidade de aprender. Acredito sim que todos temos a mesma capacidade intelectual, pode parecer ingênuo, mas pra mim o que esta afetando alguns de nós são os  sistemas de aprendizagem. Estou lendo o livro “Não aguento não aguentar mais” de Anne  Helen Petersen, e nele tem uma parte que ela coloca de outra forma uma frase de Malcolm Harris do livro “Kids These Days”, ela escreve “o que está fazendo quando  pratica a tabuada, faz um teste de múltipla escolha ou escreve uma redação não é  aprender, é se preparar para o trabalho” em outro parágrafo ela escreve sobre testes  padronizados, ou seja, as provas de escola e vestibulares por ai que “esse não é um teste  da sua inteligência, e sim um teste de habilidade de fazer um teste especifico” e continua “é a nossa capacidade de performar a atividade laboral na sua forma mais crua: ser  apresentado a uma série de problemas, com uma série de regras rígidas sobre como  resolvê-los, e completar essa tarefa de forma acrítica, tão rápida e eficiente quanto  possível”, ela traduziu o meu sentimento sobre escolas, faculdades e instituições de ensino em sua maioria.

Eu tenho refletido muito se desejo que o Malik faça ensino  superior como eu sonhei em fazer por quase ninguém na minha família ter feito antes de  mim, ao invés desejo que meu filho consiga expandir seu processo de aprendizado para  além das salas de aula como eu fiz, mas não pelos mesmos caminhos que eu segui. Me explico, eu fui uma garota problema, criada apenas pela minha mãe que  trabalhava muito, eu ficava muito tempo na rua, cabulava muitas aulas na zona sul de  São Paulo, fazia tudo o que eu não devia naquela idade. Porém por cabular muito a  aula, eu era obrigada a dar meu jeito para aprender a matéria e me sair bem nas  provas, eu nunca fiquei de recuperação em nenhuma matéria, mesmo quando me tornei bolsista em escolas  particulares mais adiante na minha vida. O resultado de tantas aulas cabuladas foi um  ser humano autodidata que aprendeu a falar inglês sozinha e que se considera  extremamente capaz de aprender qualquer coisa, qualquer coisa mesmo! Ficar muito tempo na rua enquanto eu deveria estar estudando não era pra ter acontecido se eu tivesse tido uma família estruturada, sabemos disso, mas agora com o Malik no auge dos seus 1 aninho de idade, me pergunto como farei para que ele não perca sua motivação em aprender, ele já tem um sistema próprio de aprendizagem, afinal nesta  fase tem muita coisa a aprender.

Outra noite fiquei reparando o comportamento dele  depois de aprender a subir descer da motoquinha sem ter que se jogar no chão, ele ficou  subindo e descendo sem parar, umas 20 vezes pra não esquecer o que tinha acabado de  aprender sozinho. Me remeteu ao meu sistema de aprender, que é o de muitas pessoas também, depois do meu primeiro contato com a informação, seja lendo, assistindo ou  escutando, eu gosto de fazer anotações e pesquisar na internet um pouco mais pra me  aprofundar no tema, depois é hora de repetir e colocar em pratica no meu dia a dia como  eu puder, pra lembrar meu cérebro daquela informação, então eu comento com várias  pessoas sobre o assunto, as vezes procuro um filme ou documentário relacionado ao tema e assim eu vou internalizando aquela informação. Foi isso que meu filho fez. Benjamin Franklin tem uma frase que é assim “Me diga algo e eu esquecerei. Me ensine algo e eu lembrarei. Me envolva e eu aprenderei”, dai eu te pergunto, quando foi a  ultima vez que se sentiu envolvido com algum tema a ponto de aprender de verdade  sobre aquilo? 

Já se perguntou qual o impacto das provas e avaliações de ensino na nossa sociedade como um todo? Pessoas plenamente capazes de performar estão sendo excluídas do sistema por não se enquadrarem nos padrões de avaliação, acabamos limitando a nós mesmo quando tentamos produzir algo novo. E na era da IA, como podemos nos diferenciar e superar as super máquinas se continuarmos aprendendo como uma  máquina, meu cérebro não esta pronto pra competir com chatGPT em certas habilidades,  o nosso melhor diferencial esta suprimido nas grades curriculares e aqueles conquistarem  se libertar da decoreba, estes talvez tenham uma vaga de trabalho no mundo do Machine Learning que esta por vir. 

Sou Aline Silva, uma pessoa multi, diversa e complexa. Mas em resumo sou fundadora da Mempodera, mãe do reizinho Malik, militante e atleta olímpica.

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