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Rebeca Lemos :: Ep.01

Uma mestre em sua arte, empreendedora em muitos sentidos, Rebeca Lemos transforma as histórias da cultura pela qual é apaixonada em um sabor único através do sake. Mas para muito além do sake e relação que muitas vezes temos com as pessoas que nos recebem em lugares como Sake Mico, a Rebeca tem muito a nos ensinar.

Data

Criador

Interviewer: Pedro Pirim

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26 minutes
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Rebeca Lemos recebe Pedro Pirim em seu restaurante Sake Mico pela segunda vez, agora para ser entrevistada por ele e contar um pouco de sua história. Ao longo da entrevista, Rebeca mostra um pouco do restaurante e ao múltiplo mundo do sake. O que Pedro já sabe é que ela é do Brasil, mas já vive em Portugal há anos e tem família em ambos os lugares. Rebeca se mudou do Brasil para Portugal em 2007 com toda sua família devido ao trabalho de seu pai como pastor. No começo, houve muita resistência dela, pois era adolescente na época e não queria deixar o lugar com o qual estava acostumada. Ao longo dos anos, porém, foi se adaptando, e depois de dois anos já se sentia ajustada e gostava muito. Aos dezoito anos, tentou voltar para o Brasil, mas a tentativa não deu certo e durou apenas seis meses, ao fim dos quais voltou a Portugal. No ano seguinte, seus pais foram embora do país, e ela continuou vivendo sozinha em Lisboa. Desde que saiu da escola, trabalhou em restaurante um s e, coincidentemente, trabalhou em diversos restaurantes japoneses até parar em um bem tradicional, onde passou a aprofundar mais seus aprendizados sobre a cultura e culinária japonesa; ela até visitou o Japão e fábricas de sake. Pedro a define como “sommelier de sake”: ela passou a procurar estudar sobre a bebida, fez cursos e se aprofundou na parte técnica, apesar de preferir a parte mais lúdica de seu emprego. Sua parte favorita é contar histórias e tornar o sake menos complexo para quem visita o restaurante. Tudo começou quando conheceu sua sócia, que tem o restaurante Sake Mico desde 2014, e Rebeca entrou em 2019. Ela conta que o Sake Mico é o único restaurante de sake da área e mostra um pouco do restaurante e das sessenta diferentes marcas artesanais de sake que são vendidas no restaurante. Hoje, a empresa distribui e vende sake de diversos tipos, tem uma cozinha e oferece workshops. 

Quando perguntada sobre as dificuldades de ser uma sommelier de sake mulher, Rebeca conta sobre as maneiras que o machismo influenciou sua jornada, tratamento e recepção na carreira. Ela é uma de duas mulheres entre os cinco sócios do restaurante, além de ser um pouco mais jovem e consequentemente o Sake Mico ser sua primeira empresa. Provavelmente por esses fatores, ela conta que muitas vezes é subestimada por visitantes ao restaurante, que assumem que outra pessoa seria o patrão. Rebeca diz que o conselho que daria para mulheres como ela baseado na própria experiência seria “segurar o rojão”: tirar o tempo necessário para lidar com as emoções negativas, respeitando seus limites e praticando autocontrole nos momentos necessários. 

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Photo: Felipe Cantieri

Relembrando a pandemia, o medo com o qual passou a viver se destaca para Rebeca, mas com a ameaça de não ter mais chances, esse medo também trouxe uma vontade maior de aproveitar o que cada momento oferece. Com o tempo e conforme o Covid se mostrou algo que viraria uma constante em nossas vidas, Rebeca foi se adaptando. A pandemia trouxe uma mudança no ritmo de trabalho dela, que anteriormente sempre havia sido bem acelerado. Em relação à família, Rebeca conta que criou os filhos sem tanta rede de apoio, pois os pais não moram tão próximos dela apesar de em Portugal. Ela conseguiu acompanhar de perto os momentos importantes do começo da vida dos gêmeos, Henrique e Vicente; depois que sua licença maternidade acabou, Rebeca e sua ex-mulher se dividiam para cuidar dos filhos entre seus empregos, ambos noturnos. 

As duas foram casadas por dez anos e mantiveram uma relação positiva, ambas sempre perto dos filhos, depois da separação. Rebeca conta sua história com a inseminação artificial, que nem era legal em Portugal quando ela e sua ex-mulher começaram a tentar; finalmente deu certo na terceira tentativa, quando já era permitido fazê-la em Portugal. Ela relembra também a vontade que tinha de ser mãe e os medos que acompanhavam esse sonho, principalmente sendo parte de um casal de mulheres lésbicas. Rebeca conta mais desse lado de sua identidade, tendo sido criada dentro de uma família religiosa e como começou a ter mais contato com a comunidade LGBTQIA+ depois de se mudar para Portugal e principalmente na área de restauração. Ela frisa como ver pessoas confortáveis e confiantes a influenciou a se tornar cada vez mais confortável também, e destaca como a terapia foi importante para esse processo. Rebeca fala de como sua relação com religião e Deus mudou ao longo dos anos, definindo-se como uma pessoa espiritual e dizendo que para ela “Deus é amor.” Para finalizar a entrevista, Pedro pede que Rebeca deixe uma mensagem baseada em tudo que aprendeu com a cultura japonesa, e  ela reflete sobre a ética de trabalho japonesa e o cuidado com que o sake é feito, desejando que cada um aprecie a bebida da mesma forma que ela: com absoluta admiração pela beleza do processo de fabricação e os olhos brilhando de paixão.

Já aconteceu de em algumas reuniões, algumas situações eu chegar primeiro e a pessoa perguntar ‘o seu patrão vem quando?’ sabe? Não, sou eu mesma.

Photo: Felipe Cantieri

A pandemia trouxe uma mudança no ritmo de trabalho dela, que anteriormente sempre havia sido bem acelerado. Em relação à família, Rebeca conta que criou os filhos sem tanta rede de apoio, pois os pais não moram tão próximos dela apesar de em Portugal. Ela conseguiu acompanhar de perto os momentos importantes do começo da vida dos gêmeos, Henrique e Vicente; depois que sua licença maternidade acabou, Rebeca e sua ex-mulher se dividiam para cuidar dos filhos entre seus empregos, ambos noturnos. As duas foram casadas por dez anos e mantiveram uma relação positiva, ambas sempre perto dos filhos, depois da separação. Rebeca conta sua história com a inseminação artificial, que nem era legal em Portugal quando ela e sua ex-mulher começaram a tentar; finalmente deu certo na terceira tentativa, quando já era permitido fazê-la em Portugal. Ela relembra também a vontade que tinha de ser mãe e os medos que acompanhavam esse sonho, principalmente sendo parte de um casal de mulheres lésbicas. Rebeca conta mais desse lado de sua identidade, tendo sido criada dentro de uma família religiosa e como começou a ter mais contato com a comunidade LGBTQIA+ depois de se mudar para Portugal e principalmente na área de restauração. Ela frisa como ver pessoas confortáveis e confiantes a influenciou a se tornar cada vez mais confortável também, e destaca como a terapia foi importante para esse processo. Rebeca fala de como sua relação com religião e Deus mudou ao longo dos anos, definindo-se como uma pessoa espiritual e dizendo que para ela “Deus é amor.” Para finalizar a entrevista, Pedro pede que Rebeca deixe uma mensagem baseada em tudo que aprendeu com a cultura japonesa, e  ela reflete sobre a ética de trabalho japonesa e o cuidado com que o sake é feito, desejando que cada um aprecie a bebida da mesma forma que ela: com absoluta admiração pela beleza do processo de fabricação e os olhos brilhando de paixão.

Tem muito gay, muita gente LGBT trabalhando na área do atendimento, hotelaria, restauração… Aí eu acho que foi a coisa de ver que era normal as pessoas serem o que são, sem tabu.

Photo: Felipe Cantieri

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