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Daniel Bask :: Ep.01
Data
- November 23, 2023
Criador
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Com o horizonte charmoso do Rio de Janeiro ao fundo, Pedro Pirim relembra que o propósito da Voz Futura é contar as histórias que merecem ser contadas e pede então que Daniel Bask, como gosta de ser apresentado, conte a sua. Ele conta que nasceu Daniel Santos em 1983, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O nascimento prematuro marcou um momento difícil para seus pais, ambos negros, que vinham lutando para ascender já com muitos desafios. No começo de sua vida, Daniel ri que era pequeno como um rato e relembra que a dúvida pairava sobre sua sobrevivência. Depois de um tempo na incubadora, ganhou peso rápido e levou para casa apenas uma condição respiratória como sequela. Daniel conta que, para ajudar com a asma, sua mãe usava técnicas quilombolas como dar aranhas vivas de comer—além de sempre influenciá-lo a fazer muito esporte. Ele admite que era uma criança levada, lembrando que por anos tentou quebrar o jarro onde a mãe guardava as aranhas.
Para Daniel, os anos mostraram como havia muito mais amor do que violência em sua infância. Ele conta com carinho das noites em que o pai (que tinha três empregos) chegava em casa, o tirava da cama e colocava música para dançar, e o amor de ambos os pais pela música foi o que posteriormente acordou esse amor nele. Daniel diz que os momentos de correção se tornaram mais difíceis depois que o irmão mais novo nasceu, também prematuro e com complicações que o seguiram ao longo da vida. O entrevistado enfatiza como sua família é muito unida e sempre se apoia, juntando meios para ajudar quem deles precisar.
Profissionalmente, Daniel relembra que seu primeiro trabalho foi no buffet do pai, onde aprendeu com os pais sobre economia e o valor do dinheiro. O primeiro caminho que teve vontade de seguir foi o da música: tocava diversos instrumentos e fazia parte da banda marcial da escola. Quando o irmão nasceu, as condições ficaram mais difíceis e acabou tendo que sair da escola onde estudava. Ele conta de um aniversário em que a tia prometeu o saxofone mas acabou por dar um violão, que Daniel acabou deixando de lado por não ser seu instrumento. Depois, acabou se formando como técnico de informática. Ele diz que sua escolha profissional sempre esteve relacionada às condições da família no momento, lembrando de quando seu pai tornou-se paraplégico. Daniel pensou em se alistar no exército na época, mas decidiu que não era o momento de estar longe de casa e estudou para ser massoterapeuta. Ele chegou a estudar fisioterapia, mas percebeu que aquele salário não pagaria as necessidades da família nem seus sonhos e desistiu. Por volta dos 25, quando se casou, decidiu que precisava de uma mudança e se apaixonou pelo marketing e eventos. Com o tempo, começou a trabalhar com marcas de roupa brasileiras como modelo, além de produtor de conteúdo. Ele conta que hoje trabalha com turismo e relembra sua jornada plural com um sorriso no rosto, contando que sua mãe sempre o ensinou a ter três opções e hoje ele já perdeu a conta de quantas tem.
Em relação à saúde mental principalmente em tempos de pandemia, Daniel conta que isso é um assunto que só começou a pensar mais sobre durante a quarentena, quando estava isolado e muito preocupado com os pais e a avó idosa. A preocupação e o distanciamento social com sua família afetaram significativamente a saúde mental de Daniel, e ele diz que se sentia definhando dia após dia. Com a ajuda de muitos encontros online, ele sente-se feliz de ter passado por isso e hoje está se recuperando. Ele atribui sua cura ao Rio de Janeiro e fica feliz de estar trabalhando com turismo atualmente. Pedro questiona o que Daniel faz quando se sente mal, e ele responde que o esporte, principalmente o basquete, é seu grande apoio emocional. Ele aconselha que as pessoas não esqueçam do que gostam e continuem insistindo nas coisas que gostam, mesmo que não seja sempre fácil. Pensando no objetivo propositivo da Voz Futura, Pedro pergunta qual mensagem Daniel quer deixar para quem assiste, e ele deseja que acreditem em si e se levem menos a sério. Além disso, ele fala da importância de se cercar com pessoas que te desafiam e vibram com você e recomenda seu grande amigo Henrique Fonseca para ser o próximo entrevistado da Voz Futura. A maneira leve que Daniel leva e ama a vida transborda, e o mundo acaba mais colorido ao fim da entrevista.
É aquela questão de não se cobrar tanto. Você pode se analisar, você tem pontos negativos, você tem pontos positivos, como todo mundo tem. Não precisa ser perfeito.


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